“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

sexta-feira, novembro 18, 2005

o Banco Central Europeu

Os violinos do Titanic – o recente debate do orçamento é o capitulo que faltava à Alice no País das Maravilhas

Luis Salgado de Matos no Público 14/Novembro

“Dentro de poucas semanas, o Banco Central Europeu (BCE) passará a recusar garantias dadas plos paises com economias deficitárias. Consequência? Aumentará o juro pago por estes maus alunos. Entre os quais Portugal.
Desque que há euro, quando um banco português aparecia a pedir dinheiro emprestado ao BCE e dava como garantia dívidas do Estado português – ou de empresas portuguesas bem classificadas- o banco aceitava as garantias – e emprestava. Dentro em breve, o BCE dirá: “desculpe, você tem a classificação A- (A menos), dada pela agência Standart&Poor’s e por isso não aceito as suas garantias”.
Quarta-feira da semana passada, este foi o tema da imprensa económica europeia. Este movimento do BCE não era uma surpresa. Era a resposta dos banqueiros centrais ao laxismo manifestado pelos politicos, quando aliviaram os requesitos do pacto de estabilidade. E, já agora, era tambem a resposta desses banqueiros à falta de descriminação dos mercados. Porque os mercados continuaram a dar um juro tão baixo aos maus devedores, tipo Portugal, como aos bons devedores.
Seja como for, os mercados aumentaram logo o “spread” sobre os empréstimos portugueses. Porque o risco português amentou. Portugal ainda não está no A- mas para lá caminha. O leitor já começou a pagar mais pelo dinheiro transpirenaico que nos emprestam: o seu banco paga mais, o Estado mais paga.
Os deputados governamentais ou oposicionistas, abordaram este problema no debate orçamental? A televisão mencionou-o? A imprensa fustigou os banqueiros miseráveis que querem pôr o pobre Portugal a pagar mais pelo dinheiro dos ricos?
Além do preço do petróleo, o preço do dinheiro é o que mais afecta o orçamento do nosso Estado. Por isso, o debate parlamentar e jornalistico á a Rainha de Copas a dizer: “A sentença primeiro, as provas depois”. Não há pior cego do que aquele que não quer ver.
É melhor o leitor saber que a próxima decisão do Banco Central Europeu – o nosso verdadeiro Banco de Portugal – logo chegará à sua conta bancária. Soba a forma de juros mais altos e mais desemprego.
Porque a triste verdade é: as más contas diminuem a capacidade de competir no mercado mundial. O último relatório do Forum Mundial da Competividade surpreendia-se porque a Suécia é muito concorrencial e tem um gigantesco sector público. A surpresa resulta do peso da ideologia: a ideologia liberal diz que o sector público diminui a competividade.
A verdade é outra: o défice diminui a competividade. Por uma razão óbvia. O deficitário paga a energia, os transportes e os salários ao mesmo preço do credor – mas este tem juros mais baixos. E por isso tem menores custos de produção. E, como tem menores custos de produção, vende mais barato.
Enquanto copiarmos o orçamento de despesas da Suécia e o orçamento de receitas do Burundi, não seremos concorrenciais”.

 
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